terça-feira, 24 de novembro de 2009

Graffiti


Apesar do graffiti (do grego "graphein" e do latim "graffito" – desenho ou rabisco numa superfície) ter já referências na Roma antiga, o termo contemporâneo designa a inscrição de mensagens clandestinas, sobretudo nas paredes e no mobiliário urbano, que podem ir de simples monogramas de uma cor até composições mais elaboradas e de diferentes matizes.
Efémero, Secreto, Ilegal, Rebelde e Provocador, o Graffiti é uma arte. Uma arte moderna que exige partilha, fusão e estreitamento de laços de camaradagem e amizade. Muitos não vêm esta arte com bons olhos, outros não vivem um dia sem deixar a sua marca nas inúmeras paredes e muros das cidades.
Decorriam os anos 60, quando milhares de jovens, invadiam os bairros de Nova York com tag's, (talvez uma manifestação socioeconómica derivada de bairros pobres), mas não nomes simples, eram normalmente alcunhas. Os gangs marcavam território, e os jovens dedicavam aos amigos ou aos queridos inimigos
O primeiro a destacar-se foi o Taki 183, que vivia na 183ª rua de Manhattan.Trabalhava como mensageiro e deslocava-se por comboio. Para juntar o útil ao agradável, este artista aproveitava as viagens que fazia diariamente, para espalhar a sua Tag, incluindo as estações e os comboios
Com esta forma peculiar de publicidade, em 1971 o New York Times, decidiu publicar um artigo sobre o Taki 183.
Os jovens, vendo o impacto que isto trouxe junto do publico comum, decidiram "bombar" os bairros, e mostrar assim o orgulho que sentiam ao representar esse bairro. A competição pela fama começou, com milhares de "putos" a seguirem o exemplo de Taki 183. Quem conseguisse atingir sítios mais esquisitos tornava-se num verdadeiro herói. Daí, para as tintas de Spray/ Aerossol foi um pequeno pulo.
Os graffiters retratavam e retratam o quotidiano de sofrimento e violência das comunidades, a falta de oportunidades, as drogas, a opressão do sistema, etc. Após a revolução do 25 do Abril, os murais em Portugal deixaram praticamente de ter uma conotação política e passaram a estar associados a imagens e mensagens generalistas e/ou individualistas, como é o exemplo do graffiti.
Atentos aos traços, à distância entre a parede e as mãos que seguram os aerossóis, os jogos de cores, contornos e degradés... É como se as letras "dançassem" no espaço, imersas por uma imensa topografia de cores, formas que surgem a partir de inúmeras técnicas e truques, que se usam para surpreender os outros.

Sónia Casado

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